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FAMÍLIA NORONHA TRINDADE



Ruth Noronha Luz                       e           Horácio Pereira Trindade



Construíram a família em bases sólidas, com caráter, fôrça e coragem.
Vovó Ruth foi apresentada ao vovô Horácio  um homem que não trazia brasões, apenas um simples trabalhador, mas certamente ao longo da vida provou ser UM GRANDE HOMEM.

Casaram foram morar em Alfenas
Tiveram 10 filhos, a maioria nasceu em Alfenas.
HOMENS – José, Virgínio, Luiz, Gabriel e Hélio.
MULHERES – Lourdes, Matilde, América, Regina e Sandra.
Hoje são apenas DUAS.
Tia Regina e Tia Sandra.

Vovó Ruth de família próspera tinha parentes como Altino Luz, Francisco Luz, Heitor Luz,
Prima de Carlos Luz e tantos outros.

Não temos muitas informações da família do Vovô Horácio, certamente como tantas que entraram no Brasil, com descendência dos Portugueses e Espanhóis.

A família morou na antiga Rua Direita, em uma casa enorme que havia sido Santa Casa.
América conta do medo que tinha quando criança, dos barulhos noturnos que aquela enorme casa fazia.

Mamãe costuma contar que sua infância foi construída por momentos alegres e de grandes lutas. Lembra como se fosse hoje como eram gostosas as brincadeiras de roda, as estórias de assombração e não pode esquecer o medo que tinha em voltar para casa quando acabavam as brincadeiras. Que boas lembranças dos dias de festas, do desejo de coroar Nossa Senhora, da escola, das idas e vindas para comprar pão e açúcar no armazém do Sr. Ozório Fonseca. Sente emoção ao reviver as lembranças da infância e adolescência. Lembranças boas e más se fazem presente em cada pedaço desse passado.

Recorda das vezes que pequena, subia e descia rua levando uma garrafa térmica de café para seu irmão mais velho que era telegrafista na ferroviária. Conta que um dia ao se sentar no meio fio, cansada da ladeira íngreme que tinha que passar para chegar à ferrovia, colocou a garrafa no colo, quando de repente a garrafa escorregou, soltando das suas mãozinhas pequenas descendo ladeira abaixo. Desesperada porque sabia que seria complicado tirar dinheiro para comprar outra garrafa, voltou chorando para seu irmão mais velho se desculpado, para seu encantamento ele foi terno e entendeu dizendo apenas:
“América não chore tudo se resolverá, compramos outra logo que der.”



Tantas estórias, tantos momentos que ela se recorda e que enche de ternura o coração de cada um nós, cada momento do passado dela de alguma forma ficará vivo em nossa memória para que possamos passar de geração para geração.

Viveram em Alfenas até 1939, quando a família tomou a decisão de vir morar no Rio de Janeiro, criando mais oportunidades de trabalho para os filhos mais velhos, abrindo também o caminho para os mais jovens.

Saíram de Alfenas, com a coragem e determinação que era comum a todos, uma grande herança paterna. Para nós que somos descendentes de HORÁCIO PEREIRA TRINDADE, ainda hoje, mesmo aqueles que não conviveram com ele, temos como traço forte a força e a importância de ser exemplo para a Família através do caráter, da honra e principalmente da consciência do que é VIVER FAMÍLIA E SER FAMÍLIA.




Certamente o valor mais importante para nossa família não eram os bens adquiridos e sim a certeza de que eram “um por todos e todos por um”.

No Rio de Janeiro, cada um foi tomando rédia do seu destino, mas sem esquecer os que ainda não tinham tido as mesmas oportunidades, todos tinham suas tarefas, criando assim uma espécie de escala de idade, para que todos conseguissem atingir seus objetivos e realizarem seus sonhos.

Nenhum dos tios e tias viveram, sentados a beira do caminho esperando a sorte cair do céu, cada um dentro do seu tempo e objetivos de vida, souberam construir dia a dia seu lugar ao sol, sempre dentro dos valores morais herdados, com o exemplo e o testemunho de vida dos Pais.


Tornaram se grandes homens e grandes mulheres, nem mais nem menos que: diretor de multinacional, diretor de banco, comerciante, escrevente juramentada, grandes estilistas respeitadas pela alta sociedade tanto do Rio quanto a de Alfenas.

Não poderia deixar de ressaltar aqui que tio Virgínio de Noronha Luz Trindade, ex-combatente, esteve na 2ª Guerra Mundial – na Tomada de Monte Castelo – Itália - onde lutou por sua pátria junto com meu pai.



No Rio de Janeiro, nunca se esqueceram da cidade de onde vieram, muito menos de suas origens, era exatamente dessa lembrança que cada um tirava o orgulho e força para superar cada dia, cada momento que tinham que enfrentar, para seguir em frente estruturando e construindo o futuro de cada um.

Nossa família sempre recebeu e hospedou os alfenenses, que desejavam vir para o Rio de Janeiro em busca de melhores oportunidades. Certamente antes de virar moda, os Noronha Luz Trindade já faziam intercambio estudantil. Vieram de Alfenas, muitos jovens que se tornaram: médicos, advogados, dentistas e tantas outras profissões.
Nossa família contribuiu e muito para algumas carreiras de alguns famosos de Alfenas.

Nossos Avós criaram 10 filhos com a fôrça de caráter e muita obstinação, onde o trabalho e a obediência aos pais, eram sinônimos de união e amor. 
Viviam uma verdadeira família, ganhando o pão de cada dia com honestidade e grandes valores morais.

Exatamente essa fôrça de valores morais passada para cada um dos seus 10 filhos, é a maior herança da Família Noronha Luz trindade.


Retalhos da infância contados com amor e alegria.

Para eles sempre era um dia especial, quando chegavam em casa  e cada filho encontrava suas iniciais no arroz doce que vovó Ruth fazia, evitando assim um comer mais que o outro. E este carinho em acolher ela levou para os netos e bisnetos.

O desejo de coroar Nossa Senhora fazia parte do sonho das meninas dessa família,
Tia Regina conta que ainda pequena com mais ou menos seus 10 anos foi pedir na Igreja para ser anjinho, como não se tinha condições de dar a roupa para esse momento tão lindo, a freira mandou Tia Regina procurar no baú da igreja uma túnica e uma asinha que desse nela. Toda feliz se vestiu e saiu pela rua correndo e saltitando com sua túnica branca, e de botina preta, quando encontrou seu irmão Gabriel que não podia deixar de fazer uma piadinha, quando vê sua irmã correndo pela rua com as asinhas balançando, ele grita... ”Cuidado ,cuidado, vai voar, vai voar...” e Tia Regina toda assustada acabou não conseguindo entrar na igreja  de tanto chorar cheia de medo do vento levar.


Na luta de trazer mais conforto para família, Tia Matilde boa quituteira, alem de costureira, começou a fazer queijadinha e balas de prego, para vender de porta em porta, mas como toda Trindade tinha um orgulho só, e dizia ao seu irmão Virgínio que nem se atrevesse a dizer que era ela Matilde que fazia. Menino obediente esse tio Virgínio, subia a rua e todo feliz saia gritando: “QUEM QUER COMPRAR OS DOCES DA MATILDE, QUEIJADINHA E BALA DE PREGO, QUEM QUER COMPRAR FOI MATILDE QUE FEZ.”.

Tia Matilde além dos doces fazia sapatinhos de bebe, cada um mais lindo que o outro quem saia para vender era a irmã América, que mesmo pequena já era bem inteligente e de visão de marketing, sabia exatamente seu público alvo, quando os sapatinhos ficavam prontos levava em uma caixa toda adornada para valorizar o produto, na casa de mulheres no Randevu que existia em Alfenas, as mulheres tomadas de pena e com os olhos marejados de lágrimas arrematavam a caixa toda.

No fim do dia Vovô Horácio colocava os filhos ao seu redor, na calçada sentados no meio fio em frente à casa e começa contar as histórias  para distrair as crianças, lógico que as mais  solicitadas eram as de terror.
Mas na hora de dormir sempre tinha um colo especial para as pequenas que ainda pediam carinho para dormir  quando ficavam com medo das histórias contadas na rua.

Pegava no colo e cantava embalando
Pulga/Torce, retorce.

Osquindo lê, lê
Osquindo lê, lê, la la!
Osquindo lê, lê!
Não sou eu que caio lá

A pulga e o percevejo
Fizeram uma combinação
De dar uma serenata
Debaixo do meu colchão

Osquindo lê, lê ....

A pulga toca flauta
Percevejo violão
Piolho pequenino
Também toca rabecão

Osquindo lê, lê...

Torce, retorce
Procuro mas não vejo
Não sei se era pulga
Ou se era um percevejo

E uma especial para mexer com a vovó Ruth

Era o meu lindo jangadeiro
De olhos da cor verde do mar
Também como ele traiçoeiro
Mentiu-me tanto o seu olhar
Ele passava o dia inteiro
Longe nas águas a pescar
E eu intranquila, o seu veleiro
Lá no horizonte a procurar
Mas quando a tarde escurecia
Um sino ouvia a repicar
A badalar a Ave Maria
Vi uma vela sobre o mar
Era o meu lindo jangadeiro
Em seu veleiro a regressar
E à praia o seu olhar primeiro
Buscava ansioso o seu olhar
Quando ditosa eu me sentia
Passava os dias a cantar
A ver se em breve escurecia
A hora feliz do seu voltar
Mas há na vida sempre um dia
Dia de sonho se acabar
Este me veio em que não via
O seu veleiro regressar
Não mais voltou o seu veleiro
Não mais o vi por sobre o mar
O seu olhar lindo e traiçoeiro
Não buscou mais o meu olhar
Por uma tarde alvissareira
O sino ouvi a repicar
Era o meu lindo jangadeiro
Que ia com outra se casar

E no fim do dia com a missão cumprida de esposo e pai dava sua benção a cada filho falando nome por nome e todos respondiam Sua benção papai.
São tantas histórias que não caberiam aqui todas as emoções vividas por cada um no dia a dia da família Noronha Trindade. Não podia existir mais amor nem mais cumplicidade em cada momento vivido por meus tios e tias.





Viver e reviver o melhor momento da vida, unindo o passado e o presente com a maestria que só as Noronha Luz Trindade sabem fazer.


Agradecemos em nome da família Noronha Luz Trindade.



Altino Luz - tio avô

Não poderia deixar de falar aqui do irmão da vovó Ruth o  "Tio Altino Luz", um grande homem, pai e irmão de poucos estudos mas de grande inteligencia e sabedoria. Com a fôrça do seu caráter e sabedoria, soube manter a família unida até o ultimo dia de sua vida.

Lembro muito bem da alegria dele sempre que os sobrinhos (as) e sobrinhos netos (as) iam
sentar aos seus pés para ouvir os seus "CAUSOS" que como todo bom mineiro sempre tinha muitos para contar.

Tinha o dom de escrever, e são muitas as suas prosas e poesias. Pena eu não ter comigo todas elas. Mas conseguimos através de Cristina Trindade ( sobrinha neta), recuperar uma que é muito especial para nossa família, pois ela é a arvore genealógica vista dentro da ótica dele.

ÁRVORE GENEALÓGICA DA FAMÍLIA TRINDADE 


HORÁCIO PEREIRA TRINDADE,
CIDADÃO NOBRE E AUSTERO,
ERA ENCARNAÇÃO DA BONDADE.
CHEFE DE FAMÍLIA SEVERO.

CASOU COM DNA RUTH NORONHA,
TODA CHEIA DE VERGONHA,
SAIU DA IGREJA TROPEÇANDO,
COM A MÃO NO ROSTO TAPANDO.

E ENTÃO FOI O LAR CONSTITUÍDO,
PELO CASAL SEMPRE UNIDO.
DEPOIS DE UM ANO, SEM TARDANÇA
VEIO ENTÃO A PRIMEIRA CRIANÇA.

NASCEU CHORANDO, CHORANDO,
ERA  O PRIMEIRO CARMELITANO,
MAS QUE PARECIA CANTANDO,
DE SER GAROTO BACANA...

E LHE DERAM O NOME DE ZÉ,
PARA ESSA CRIATURA TÃO LINDA,
QUE QUANDO VELHO, BATEU O PÉ
E CASOU COM DNA ALMERINDA.

E DO CASAL DE CARMELITANOS,
VEIO A FILHA, PÉROLA RARA,
QUE FICOU SÓ, SEM MAIS MANOS,
QUE SE CHAMA DOCEMENTE MARA,

DEPOIS, UM PODER ALTO SE LEVANTA,
A CEGONHA TROUXE EM ALACRIDADE
A LOURDES DOS IRMÃOS A GRANDE SANTA,
A EXCELSA RAINHA DA IRMANDADE.
SOLTEIRA FICOU, NÃO QUIS CASAR,
SÓ VIVE PARA TODOS AJUDAR...

A TURMA FOI SEMPRE AUMENTANDO,
E NASCEU LÁ EM BARRO PRETO,
A TODO MUNDO ENCANTANDO,
MATHILDE FORMANDO O TERCETO...

SEMPRE FORMOSA E CATITA,
NO RIO UM DIA, FOI MORAR,
FOI SOLUÇÃO BENDITA,
PARA COM O ALIVERTI CASAR...

E DA MINEIRA E DO NORTISTA,
VEIO A LINDA ELIZABETH,
EM SEGUIDA, NOVA ARTISTA,
A PEQUENINA MARGARETH.

QUE BELO VEIO EM SEGUIDA,
UM RAPAGÃO,  UM ESCRÍNIO,
QUE CASOU COM A MARGARIDA
E QUE SE CHAMAVA VIRGÍNIO.

DELE NOS RESTA A SAUDADE,
POIS O DESTINO, ASSIM O QUIZ,
ASSIM QUIZ A FATALIDADE ,
QUE NOS ROUBOU ENTE FELIZ.

PARA GRANDEZA DE SEU NOME,
A ESPOSA E FILHOS, AQUI ESTÃO,
NADA, NADA A LEMBRANÇA CONSOME,
DE TODOS NO CORAÇÃO.

O MENINO, UM AMOR DE SIMPATIA.
PAULO HENRIQUE, EM TUDO CONCRETIZA,
DOS PAIS, A BONDADE QUE IRRADIA,
JUNTO DO ANJO QUE É ANNA ELIZA.

DEPOIS UM GORDO REBENTO APARECE,
UM BARRIGUDO RAPAGÃO...
É O LUIZ, QUE AO DESPONTAR CRESCE,
E SOLTA LOGO UM PALAVRÃO.

E DEPOIS DE MUITO TEMPO, NO RIO,
BONITÃO, ELE MANDA BRASA,
SEM TEMER CALOR OU FRIO,
COM A FILHINHA SE CASA.

E DO DITOSO CASAL, AMADO,
VEM O SERGIO, FILHO ÚNICO, ENCANTADOR,
DAS GAROTAS, SEMPRE ENAMORADO,
MAS DA FILHINHA O GRANDE AMOR.

E VEM O SEXTO, O GRANDE HERDEIRO,
DO GENIO E DA BONDADE DOS SEUS PAIS,
É O GABRIEL, ANJO MENSAGEIRO,
DE BELEZA DE ALMA ESCULTURAL.

E PARA COMPLETAR A DOCE HARMONIA,
UNIU-SE A EDIR, A MAIS PERFEITA CRIATURA,
E ADOTOU O MOLEQUE ANDRÉ, UMA ALEGRIA,
A FAZER PIRUETAS E DIABRURAS.

E OS GALHOS DE ÁRVORE CRESCENDO,
SURGE, AMÉRICA, NUMA TREMENDA BAFAFÁ...
E COM CERTO DONAIRE E JEITINHO,
AMARROU O GODOFREDO – PAQUETÁ.

E DELES, PARA SEU ENCANTAMENTO,
VIERAM DUAS GAROTAS FORMOSAS,,
QUE OS ALEGRA A TODO MOMENTO,
SANDRA E ANGELA – DUAS ROSAS.

E DESSE GALHO FLORIDO
PARA MAIOR DESLUMBRAMENTO,
VEIO DA SANDRINHA – UM ENCANTAMENTO
O VIRGÍNIO, O PRIMEIRO BISNETINHO
E COMO É BONITO O BICHINHO.

NA ÁRVORE, FRONDOSO GALHO SE ELEVA,
É REGINA, QUE BACANA MORENA EM FLÔR,
DO ALCIDES, SE TORNA A BELA EVA...
E DO PAR NASCE TRINDADE DO AMOR.

O ALUÍSIO, ALEXANDRE E ARNALDO,
A ESSE TRÍDUO TÃO MAGNÍFICO,
PARA NÃO ENTORNAR O CALDO,
DISSE ALCIDES: - AQUI FICO.

A COISA NÃO PAROU NÃO.
VEIO O HELIO, UM MORENÃO.
QUE CASOU COM A ROSINHA,
DO LINS A FLOR DAS MENINAS.

DO FAMOSO CASAL ROSINHA E HELIO,
VEIO, PARA AUMENTAR O LAR ELEGANTE,
NA BELEZA REAL DE UM PRÉLIO...
MARIA CRISTINA, BELA E GALANTE,
E MARIA EDITH, DE CANDURA EXUBERANTE.

AGORA. UM INSTANTE. ATENÇÃO...
NAS CEU A RAPA DO TACHO...
É UMA PEQUENINA CANÇÃO,
UMA CARTINHA DE BARALHO...

É A SANDRA, SANDRA MAGRINHA,
MÃE DO MAURÍCIO E HORÁCIO...
É ELÉTRICA MAS MUITO BRABINHA,
É ISTO, O SEU PREFÁCIO...

NÃO HÁ QUEM LHE IGUALE,
NO QUE QUEIRA FAZER,
E DELA NÃO SE FALE,
SEM DELA SE TEMER.

É UMA SANDRA SABE TUDO,
SABE TUDO, DE VERDADE.
SEMPRE FOI SEU ESCUDO.
SER BOA PARA ASSIM VIVER.

COM O RUY, UM DIA SE CASOU,
MAS UM DIA O RUY FOI PRO PERÚ,
E DE SAUDADES, CHORA E CHOROU,
SEMPRE TRISTE, TRISTE E JURURÚ.

UM DIA, HORÁCIO PARTIU...
E DNA RUTH FICOU, COMO UMA SANTA NO LAR.
PARA OS FILHOS, SEMPRE, SEMPRE SORRIU,
PORQUE A TODOS SABE AMAR.

RIO,10 de abril de 1966.
DE ALTINO LUZ

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