RIO - Começam na noite deste sábado as interdições para a implosão que dará fim a 1.050 dos 4.790 metros do Elevado da Perimetral, marcada para domingo, às 7h. Às 23h será bloqueado o Elevado 31 de Março, no sentido Santo Cristo (trecho a partir da saída da Presidente Vargas).
E se parte da perimetral virasse parque
Equipes da concessionária Porto Novo e da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) — Porto Maravilha — fazem neste sábado os últimos preparativos da operação. Esta inclui a colocação de 2.512 pneus com areia e 2.240 estacas em tambores, com o objetivo de amortecer o impacto da queda da estrutura e triturar o concreto. Além disso, serão instalados 1.200 quilos de explosivos, e seis camadas de telas (num total de 215.340 m²) serão colocadas nas laterais, para reduzir ainda mais o risco de escape de fragmentos durante a implosão.
A orientação para as 162 pessoas que ocupam os 56 imóveis no entorno é deixar os estabelecimentos ou residências duas horas antes da implosão. As pessoas serão encaminhadas, em grupos, a pontos de encontro durante o procedimento.
A Defesa Civil ainda recomenda que todos fechem portas e janelas, desliguem a chave geral de energia da residência, fechem o registro do botijão de gás e retirem os animais de estimação ainda hoje. Logo após a implosão será iniciada a limpeza do entorno e, às 8h, todas as famílias poderão voltar aos seus domicílios.
Sem risco para os prédios
O presidente da concessionária Porto Novo, José Renato Ponte, garante que nenhum imóvel no entorno da Perimetral será prejudicado, já que todos foram vistoriados por equipes técnicas, que comprovaram não haver risco estrutural. Ele ainda reforça que as medidas para a área de 150 metros em torno da operação obedecem às normais internacionais de segurança.
Para monitorar os efeitos das detonações sobre os imóveis, Ponte explica que foram instalados 12 sismógrafos e 50 câmeras. Estas permitirão avaliar os impactos e acompanhar a ação. Ele destaca que os moradores do entorno já convivem, diariamente, com as detonações dos túneis da Via Expressa. Segundo o presidente da Porto Novo, essas operações são mais impactantes que a implosão deste domingo.
— Esses imóveis não estão na área de influência da implosão, que será menor que as detonações das escavações dos túneis. Para se ter uma ideia, a vibração tolerável pela norma é de 50 milímetros por segundo. Trabalhamos sempre abaixo de 20, e a implosão do Elevado da Perimetral será em torno de 10 milímetros, ou seja, não prejudicará em nada — explica Ponte, acrescentando que todos os postes, fiações e placas de trânsito nessa área também estão sendo retirados.
Rachaduras em imóvel
O presidente da concessionária ressalta que as medidas tomadas anteriormente, para avaliar e definir todo o procedimento da implosão, foram bem-sucedidas. O Elevado da Perimetral foi fechado para o trânsito no dia 2 de novembro, e uma parte da camada de asfalto já foi retirada. Para realizar a implosão, a Avenida Rodrigues Alves foi interditada no dia 14, no trecho entre a Avenida Professor Pereira Reis e a Rua Silvino Montenegro.
— Essa implosão permitirá o avanço nas obras do Túnel da Via Expressa — ressalta Ponte.
O mecânico Carlos do Nascimento, que vive há dez anos no condomínio Morada da Saúde, na Zona Portuária, conta que, por causa das implosões para os túneis da Via Expressa, o bloco onde mora foi afetado.
— A concessionária já está fazendo reparos em alguns apartamentos do condomínio, mas no meu ainda é possível ver as rachaduras no chão da cozinha e algumas na parede da sala. Domingo é meu aniversário e terei de sair de casa às 5h — diz Nascimento, que espera que tudo termine bem.
Além do edifício onde mora o mecânico, o prédio do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), na Avenida Venezuela 82, está na rota das interdições e enfrenta desafios.
— A junta de dilatação entre dois prédios cedeu, o que não representa nenhum risco para nós. O drama fica por conta do barulho e da constante emissão de gases por causa das implosões que já ocorrem nos arredores — ressalta Guilherme Goes, coordenador de infraestrutura do prédio do INT, garantindo que a Porto Novo tem monitorado o imóvel 24 horas por dia e orientado seus ocupantes
como em Nova York?


A implosão do primeiro trecho do Elevado da Perimetral — entre a Rodoviária Novo Rio e a Rua Silvino Montenegro — está prevista para amanhã. A demolição, segundo a prefeitura, se faz necessária para os novos projetos de mobilidade urbana na região do Porto: a perimetral dará lugar às obras da Via Expressa, que terá três faixas em cada sentido, e ligará o Aterro do Flamengo a Avenida Brasil e Ponte Rio-Niterói.
Mas, e se, a exemplo do High Line, em Nova York, uma parte da perimetral fosse mantida e transformada num parque suspenso? Pois é esta a ideia que surgiu num site com moradores do Rio, que, inclusive, já teve mais de 10 mil curtidas no Facebook. A sugestão faz parte do projeto Rio+, da Benfeitoria, uma empresa de engajamento para impacto social com representantes da sociedade civil. No grupo são reunidas ideias para melhorar o Rio em 13 aspectos, entre eles, o conceito de morar bem na capital.
— Minha sugestão é transformar parte da Perimetral em um jardim/parque suspenso. Assim, teríamos um espaço verde no Centro, descobriríamos com calma o visual lá de cima (geralmente a gente passa rápido de carro com trânsito bom, ou aborrecido quando estamos engarrafados). Ainda proporcionaríamos um local para a prática de esportes para os moradores da região — afirma a internauta Maria Clara Machado, quem deu a sugestão.
Aliás, o projeto do parque suspenso em Nova York surgiu da mesma maneira, com a intervenção de moradores num grande projeto da cidade. A High Line é uma antiga linha de trem construída em 1930 para ligar armazéns do porto aos edifícios, entretanto, na década de 1980 foi inutilizada. O espaço ficou lá por anos até que, em 1999, a prefeitura de Nova York decidiu derrubar a linha férrea.
Porém, um grupo de moradores (também com ideias de melhorar a qualidade de vida ao redor de suas casas), começou a se unir e desenvolver um projeto de transformar o espaço num parque suspenso. Lá a ideia deu certo e hoje o High Line é uma realidade, criando um espaço para lazer a aquecendo o mercado imobiliário do entorno.
Murilo Farah, sócio da Benfeitoria e idealizador do projeto, defende a ideia, mas ressalta que, como a prefeitura já tem a programação da derrubada da Perimetral pré-definida, talvez a sugestão não seja viável.
As viabilidade das sugestões enviados ao Rio+ serão avaliadas por um grupo de especialistas voluntários e as que forem possíveis de serem feitas, em fevereiro no ano que vem, vão para uma votação popular. De acordo com o site, os projeto mais votados por aspecto serão implementado pela prefeitura.
— Tem muitas pessoas preocupadas com o lugar onde vivem. O cidadão comum vivencia as questões do bairro e nossa ideia é transformar ideias que isoladas não tem força em projetos para toda a sociedade — explica Farah.
Moradora do Morro da Providência vai preparar café e almoço especiais.
Reservas para domingo pela manhã esgotaram nesta sexta-feira.
Alba Valéria MendonçaDo G1 Rio

Juraci mostra o visual privilegiado da Laje da Jura (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)

Juraci mostra o visual privilegiado da Laje da Jura (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
“Daqui do morro dá pra ver tão legal / O que acontece aí no seu litoral / Nós gostamos de tudo / nós queremos é mais / do alto da cidade até a beira do cais”. A música “Nós vamos invadir sua praia”, do Ultraje a Rigor, cai como uma luva para definir a Laje da Jura, o restaurante improvisado no terraço da casa da doméstica Juraci Vilela Gomes, no Morro da Providência, Centro do Rio, que na manhã deste domingo (24) vai servir de camarote para 30 pessoas que terão o privilégio de acompanhar a implosão do Elevado da Perimetral.
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Por R$ 50, os que conseguiram reservar um espaço na laje não serão incomodados pela poeira da obra e ainda poderão desfrutar de um reforçado café da manhã, a partir das 6h30, com bolo de milho, cuscuz com leite e aipim cozido. E depois embarcar num almoço caprichado. Jura garante que não vai faltar o nhoque de camarão, primeiro colocado no 1º Festival de Gastronomia e Cultura Sabores do Porto, de 2012. E ainda oferecerá as opções de bacalhau com leite de coco e batatas e sirizada.
“Abro a laje para almoço todo fim de semana. O movimento é sempre bom, mas andava meio devagar por causa das manifestações no Centro. As pessoas estavam com medo de subir a Providência. Agora, com a implosão, as reservas para domingo já estão esgotadas”, informa.
Ela conta que começou a fazer da sua laje um pequeno restaurante na década de 90, quando cozinhava para os operários que trabalham no projeto Prosanear, perto de sua casa, no Morro da Providência. A partir de então, foi sendo incentivada pela família e por vizinhos e não parou mais.
“Construí a laje e fui buscando novas formas de ganhar um dinheirinho. Além da laje, todo terceiro domingo do mês faço umas comidinhas para a feirinha que acontece na Praça da Harmonia. É ótimo, eu adoro, tem danças, comidinhas é bem divertido”, conta Jura que, normalmente nos fins de semana cobra R$ 18 pelo prato normal e R$ 10 pela mini porção.
Guia turística
Além do visual e da boa comida, Jura ainda oferece trabalho de guia pela comunidade.
“Tenho maior orgulho desse lugar. Aqui tem muita coisa boa, tem o Centro Cultural Casa Amarela que está com uma exposição fotos muito bacana e outras coisas muito boas. Pode vir que vai ser bem recebido”, garante Juraci.
Além do visual e da boa comida, Jura ainda oferece trabalho de guia pela comunidade.
“Tenho maior orgulho desse lugar. Aqui tem muita coisa boa, tem o Centro Cultural Casa Amarela que está com uma exposição fotos muito bacana e outras coisas muito boas. Pode vir que vai ser bem recebido”, garante Juraci.
Para chegar à Laje da Jura, haverá uma Kombi partindo às 6h30 da Rua Senador Pompeu, em frente ao supermercado para subir o Morro da Providência. Mas também é possível ir de carro até a Praça Américo Brum pela Ladeira do Barroso e de lá seguir a pé pela Rua da Grota até a casa 31B.
As escadas ao longo do beco cansam um pouco, mas pelo belo visual da cidade e pela comidinha caprichada vale a pena o esforço.
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