Seguidores

sábado, 28 de dezembro de 2013

“ESTAR no Mundo SEM SER do Mundo” - Portal 11:11 - Paula Salotti


Em 2005, quando fui karma yoga no Curso de Formação de Professores de Yoga Sivananda, tivemos como convidado um pujari indiano que nos presenteou com seus rituais de fogo e as belíssimas mandalas que fazia com sementes e temperos coloridos em grandes tábuas de madeira.
Ontem, quando postei a foto para a chamada da mandala de fim de ano, muitas pessoas pediram que eu mostrasse a mandala da foto terminada... Seguem as fotos e o editorial que escrevi na época para o Jornal Universus, totalmente encantada com o aprendizado que recebi naqueles mágicos dias.


Editorial – Jornal Universus - Março/Abril - 2005 - Ano X - N. 98

“ESTAR no Mundo SEM SER do Mundo”

No início do ano ganhei um verdadeiro presente da natureza que foi poder estar ao lado de um pujari indiano. Em poucos dias pude ver e aprender na prática o que tantas escolas, mestres e livros tentam ensinar na teoria.
Convidado para o encerramento do Curso de Professores de Yoga Sivananda, o pujari - filho de uma linhagem de guardiões de templos - passou alguns dias entre nós realizando pujas (rituais) e compartilhando sua sabedoria com espontânea e comovente simplicidade.
Presenciamos a execução de verdadeiras obras de arte realizadas com farinhas e grãos que, em algumas horas, transformavam-se em enormes mandalas, coloridas, com simetrias perfeitas, simbolizando o ritual que seria realizado em seguida.
Observar o pujari criando tais obras foi fantástico. Ao construí-las, além da habilidade impressionante, a expressão natural de concentração por horas seguidas era contagiante. Simplesmente ele estava ali, totalmente presente, totalmente envolvido com o que suas mãos, seu corpo e seu cérebro executavam. Presenciar isso já foi uma aula, uma lição.
Mas ao fim dos rituais a pergunta era sempre a mesma: "E agora, onde guardamos a mandala?" Que era respondida com sábia simplicidade: "Devolvam-na à natureza!" O que para nós (ocidentais - que insistimos em congelar, fotografar, eternizar) era traduzido por: "Jogá-la fora? Desmanchar essa obra assim, sem mais nem menos, depois de horas dedicadas à sua confecção?" Pois é... Jogávamos a grande tábua com a mandala nos jardins, que desmanchava-se com a rapidez que a vida costuma soprar aqueles castelos que às vezes levamos tempos para erguer. Em um segundo as farinhas e os grãos coloridos misturavam-se, desfazendo as formas, o trabalho de horas, o desenho perfeito... E no dia seguinte, outra mandala era criada, com a mesma alegria, com o mesmo prazer, como se fosse a primeira, como se fosse a única. Como se fosse para sempre.
Estar no mundo sem ser do mundo.
Ter sem possuir.
Em alguma vida aprendo...
Paula Salotti
 — em Garopaba.














Nenhum comentário:

Postar um comentário